segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Lobos


SOMNIUM

Parte 1
Estou a ser operada no bar do colégio que frequentei. Cortam-me a bexiga e começam a analisá-la ao meu lado, cortando-a às fatias, qual exame macroscópico de Anatomia Patológica.
No final da operação, encontro o meu pai quando faço o meu caminho para casa, a pé. Ele pergunta-me como é que correu, ao que eu respondo que não há nada a fazer, "estou acabada". Prosseguimos os dois como se fosse a coisa mais normal do mundo, até casa.

Parte 2
Encontro os meus amigos pelo caminho, e convido-os para lanchar. Tinha feito bolo de chocolate. A lareira ardia quando chegámos.

Parte 3
A cena seguinte passa-se no carro, numa noite a caminho de casa, quando a família toda atravessa a floresta escura. Na berma da estrada distinguem-se corpos de manequins desfeitos, braços aqui, pernas ensanguentadas ali, as cabeças espetadas em paus, exibidas como troféus.
Temos um furo e o carro salta e dá piruetas no ar devido ao ímpeto causado pela explosão do pneu. Somos todos projectados no escuro. Os lobos cercam-nos, esfomeados.

Parte 4
Outro espaço e outro tempo. Estou de volta ao bar do colégio, onde encontro as minhas avós, cada uma com a sua garrafa de traçado debaixo do braço. Perguntam-me como me estou a aguentar. "Com uma metástase na cabeça e outra no fígado". Elas prosseguem. Nada de anormal, essas coisas acontecem. Eu estou muito bem-disposta.

Parte 5
Volto a casa. Não está ninguém, mas o jantar está feito, a mesa posta, a lareira em chamas e as luzes acesas.

1 comentário:

Anónimo disse...

Este tenho de comentar... Garrafas de traçado debaixo do braço!? LOL grande madrinha :P
E comigo? Nunca sonhas! Clarooo. Nunca pensas em mim! Palerma.